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#ficoemcasa

Saio do escritório que fica na minha casa. Vou à cozinha, tomo um copo d’água.
Volto, tento escrever, sem inspiração. Apago tudo o que escrevo, tento de novo.
Vou ao jardim.


Me deito no sofá novo (que pode ficar no tempo) tento dormir um pouco, em vão.
Fico admirando as mudanças que fiz no escritório, já foram muitas desde o início da pandemia. Mudei todos os móveis e os quadros de lugar, está bonito agora.


Resolvo tirar uma foto dos meus óculos coloridos para um possível stories no Instagram. O celular (não sei o motivo) inverte o sentido e quem eu vejo na tela sou eu.


Levo um susto. A luz da manhã no meu rosto inchado sem qualquer reparo é impressionante.


Procuro outros espelhos, outra luz. Já não sou tão feia, suspiro aliviada, mas aquela imagem ainda vai me perseguir por alguns dias.


Vou de novo à cozinha. Tomo o remédio da pele que sempre esqueço de tomar, depois do que vi é melhor não me esquecer mais.


Não sei direito que dia é hoje, tenho que olhar no celular.


Tanto faz.


Anoto sempre na minha agenda (ainda de papel) meus compromissos da semana.
São todos virtuais e quase não suporto mais encontros virtuais. Ontem pela primeira vez a sessão de terapia foi difícil de aguentar.


Foram longos os cinquenta minutos, mas não saberia pedir para interromper antes. Percebi nela também o tédio. Seu olhar olhava outra coisa que não a mim, e a impressão era de que estava olhando o Facebook ou outras mensagens na tela de outro computador, foi chato.


Coloquei no escritório uma tv com “Smart tv”, para assistir “Netflix” e “Prime Vídeo”. Só posso assistir televisão depois que o sol se deita, uma regra que me impus.


Assisto agora a duas séries.


No prime vídeo a melhor, “Transparent”. Uma série americana com cinco temporadas sobre uma família judia em que o pai, “Mort” reúne os filhos para assumir que é transgênero e depois disso tudo acontece.


Assisto também “Aventuras de Poliana” brasileira, no Netflix.


Inspirada no clássico “Poliana” que li na infância. Trata de uma menina órfã que cria um jogo, chamado “jogo do contente”. No jogo, a menina desenvolve a habilidade de encontrar o lado bom de tudo. Me distraio vendo aquela bobeira toda que não tem fim pois descobri que a série tem mais de quinhentos episódios.            
Quase desisto de falar ao telefone com os meus amigos, pois o assunto é sempre o mesmo: Maldita pandemia, maldito presidente.  


Nem posso reclamar, é o que repito e é o que me dizem. Tenho saúde e espaço. Sorte de ter em casa uma piscina, que embora não seja grande me permite nadar ou pelo menos fingir que estou nadando. Meu amigo invejoso quando contei me disse:


- Ah, mas já está esfriando.


Perdi a chance de dizer que é aquecida (não é, e nem vai ser).


As semanas passam muito rápido e já estamos em abril. Não faço planos. A vida sem planos é muito maçante. Me despeço aqui e desculpem a melancolia.

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